Portanto, inicie sua sessão e envie o Evangelho para todo o mundo

As plataformas digitais são o campo missionário de hoje - envolva-se de forma autêntica, não apenas visível, para compartilhar Cristo.

A missão da igreja nunca mudou: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho” (Marcos 16:15 NVI). O que mudou foi o mundo. Em 2025, mais de 5,35 bilhões de pessoas usam a Internet – mais de 66% da população global. Em média, os usuários passam quase sete horas on-line diariamente, sendo que a mídia social sozinha representa cerca de 2,5 horas por dia. Plataformas como YouTube, Facebook, Instagram, TikTok e Spotify não são mais apenas centros de entretenimento; elas se tornaram o espaço global onde cultura, conversação e convicção se cruzam. Enquanto o rei Davi teve de esperar alguns séculos para que seu Salmo 23, que comove a alma, ganhasse o status de “viral”, as plataformas atuais permitem que uma coisa frívola se torne famosa da noite para o dia,

A pesquisa de Barna (2018) indicou que quase 58% dos não cristãos encontraram conteúdo relacionado à fé através de plataformas como o Facebook. Essa pesquisa reflete o impacto já surpreendente da mídia social há sete anos. No entanto, somente nos últimos cinco anos, o uso global das mídias sociais aumentou de 3,96 para 5,24 bilhões, representando um crescimento de 32% em cinco anos.

Essa transformação digital apresenta à igreja uma oportunidade sem precedentes – e um desafio urgente. Se antes o evangelho se espalhava de vilarejo em vilarejo, agora pode atravessar continentes em segundos por meio de uma única postagem, podcast ou vídeo. Mas simplesmente ter uma presença on-line não é suficiente. Para alcançar essa geração conectada, a igreja deve se envolver no mundo digital a partir de um lugar de autenticidade, amor pelos feridos e uma paixão ardente pela verdade imutável de Cristo.

O evangelismo digital não é uma tendência ou um experimento tecnológico. É uma estratégia de missão de vanguarda. Quando usadas de forma eficaz, as ferramentas digitais ampliam o alcance da igreja local, amplificam as vozes da fé e envolvem as pessoas muito além do santuário, transformando as telas brilhantes e distrativas em poderosos púlpitos brilhantes em qualquer lugar.

Com o surgimento da igreja virtual e dos ministérios de mídia social, muitas igrejas se veem tentando responder à pergunta: “Como podemos fazer uma igreja melhor para que as pessoas queiram voltar aos cultos presenciais? Entretanto, na encruzilhada tecnológica de hoje, uma pergunta melhor seria: Como podemos discernir a vontade de Deus em qualquer lugar, inclusive nas plataformas digitais (Yang et al. 2024)? Em outras palavras, não se trata de uma abordagem do tipo “ou um ou outro”, mas de um equilíbrio intencional para alcançar as pessoas onde quer que elas estejam.

Da transmissão ao envolvimento

Todos nós nos lembramos bem — quando a pandemia chegou, as igrejas de todo o mundo se esforçaram para ficar on-line, instalando webcams, serviços de transmissão ao vivo e enviando sermões para o YouTube e o Facebook. Por um tempo, o simples fato de estar on-line parecia uma vitória. Avaliávamos o sucesso pelo número de visualizações, pelo alcance da transmissão ao vivo e pela rapidez com que conseguíamos mudar para formatos digitais. A transmissão se tornou o novo culto de domingo.

Mas agora, vários anos depois, os objetivos foram mudados. O ministério digital não pode mais ser avaliado pelo número de pessoas que assistiram, mas pelo número de pessoas envolvidas. O envolvimento é a nova métrica de saúde. Enquanto a transmissão é uma comunicação unidirecional, o envolvimento é uma conversa. A transmissão preenche as ondas de rádio; o envolvimento preenche os corações.

Pense nisso: Uma transmissão ao vivo com 3.000 visualizações, mas sem comentários, curtidas ou compartilhamentos, é menos impactante do que um clipe de testemunho de 30 segundos com 15 comentários significativos e cinco pedidos de oração no chat. Por quê? O envolvimento é onde o discipulado começa. É nos comentários, nas mensagens diretas, nas perguntas e respostas ao vivo e nas histórias compartilhadas que as pessoas se sentem vistas, ouvidas e cuidadas.

Medir apenas o “alcance” já não é suficiente. Jesus não se limitava a pregar às multidões – jantava com as pessoas, atendia às suas necessidades e chamava-as pelo nome. O ministério digital deve refletir essa intimidade.

Excesso de conteúdo e autenticidade

As plataformas de mídia social estão se multiplicando, os algoritmos estão mudando e as tendências estão evoluindo mais rapidamente do que a maioria dos ministérios consegue acompanhar. Nesse ambiente agitado, muitas igrejas e líderes cristãos se sentem pressionados a copiar o que parece estar funcionando para os outros – especialmente aqueles com muitos seguidores ou conteúdo “viral”.

A tentação é compreensível. Quando o clipe de adoração de outra igreja alcança 100.000 visualizações ou o trecho de sermão de 30 segundos de um pastor é escolhido por uma página de tendências, é fácil se sentir atrasado, inadequado ou desatualizado. O resultado? Uma corrida para imitar em vez de um compromisso de ser fiel. Os ministérios começam a moldar seu conteúdo em função da visibilidade, não da visão. Nesse processo, muitos perdem o que torna sua voz única.

Mas aqui está a verdade: Deus não abençoa a imitação. Ele abençoa a autenticidade que reflete sua missão de reconciliação. A longo prazo, a autenticidade sempre supera a tendência. As pessoas reais não estão procurando outra edição chamativa ou uma legenda com palavras inteligentes. Elas estão procurando por uma fé , uma esperança e uma conexão autêntica.

Portanto, o objetivo não é se tornar viral em meio ao barulho, mas permanecer fiel apesar do barulho. Isso significa criar conteúdo que reflita a história de sua comunidade, seu chamado e suas convicções. Se o seu ministério tem 20 seguidores ou 20.000, sua voz digital deve ser uma extensão de sua identidade espiritual, não uma cópia da tendência de outra pessoa.

Como Paulo lembrou aos gálatas, “Acaso busco eu agora a aprovação dos homens ou a de Deus? Ou estou tentando agradar a homens? Se eu ainda estivesse procurando agradar a homens, não seria servo de Cristo” (Gálatas1:10, NVI).

Em uma era de excesso de conteúdo, sua autenticidade é seu maior recurso evangelístico. Não o troque por tendências.

Uma nova fronteira para uma nova geração

A era digital não é apenas uma nova ferramenta para o ministério; é um novo convite para que uma nova geração entre nele. Enquanto os modelos habituais de liderança da igreja geralmente se baseavam na presença do púlpito em um prédio físico fixo, o cenário atual é mais descentralizado, acessível e colaborativo. Os jovens, muitos dos quais são nativos digitais, não estão apenas consumindo conteúdo – eles o estão criando. E, ao fazer isso, eles estão moldando o futuro do ministério.

Os adolescentes e os jovens adultos de hoje são fluentes em edição de vídeo, produção de podcasts, relato de histórias nas redes sociais e apresentação de programas ao vivo – competências que já não são periféricas para o ministério, mas centrais para ele. O que antes exigia equipamento caro e elaborado pode agora ser feito com um smartphone e um coração disposto.

Essa mudança abriu as portas para uma geração que talvez não se veja atrás de um púlpito, mas que se sente chamada para pregar por meio de uma lente, alcançar por meio de uma tela e inspirar por meio de uma seção de comentários. A igreja não precisa temer essa era virtual, pois essa fronteira digital é simplesmente uma expressão da criatividade infinita de Deus. A igreja deve liderar essa fronteira virtual – abraçando, equipando e liberando uma nova geração de ministros criativos para esse novo campo missionário.

Conclusão

Em termos simples, a mensagem de Deus não pode ser interrompida. De pergaminhos a púlpitos, de prensas de impressão a podcasts, a história provou que ela encontra novas plataformas em todas as épocas. Hoje, essas novas plataformas estão transbordando de possibilidades. Então, por que esperar? Vamos continuar a levar adiante a Grande Comissão; vamos iniciar a sessão e enviar o evangelho para todo o mundo.

  • Escrito por Daniel Felipe, conforme publicado no Mensageiro Asa Branca de maio de 2025.

Referências

Barna Group. 2018. “Evangelism in a Digital Age: An Infographic.” Barna Group, June 26, 2018. https://www.barna.com/research/evangelism-in-a-digital-age-an-infographic/.

Yang, D., Adelle M. Banks, and Warren Bird. 2024. Becoming a Future-Ready Church: 8 Shifts to Encourage and Empower the Next Generation of Leaders. Grand Rapids: Zondervan Reflective.​

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